quarta-feira, 10 de maio de 2017

F. C. Porto e o efeito das decisões arbitrais

Será que o número de penaltis e expulsões favoráveis tem efeito no rendimento de uma equipa? 

O F. C. Porto neste campeonato 2016/17 usufruiu até ao momento de 7 penaltis favoráveis (5 dos quais foram assinalados ainda com o jogo empatado) e também usufruiu de superioridade numérica durante 298 minutos repartidos por 9 jogos, em média são 33 minutos em superioridade numérica em cada um dos 9 jogos. Apesar desses numéros serem francamente melhores daqueles que os rívais tiveram direito, ainda há responsáveis portistas que se consideram prejudicados pela arbitragem, defendem que deviam ter sido assinalados mais penaltis e expulsões assinalados a seu favor ainda. Quem conhece o efeito estatístico sabe que a ser assinalados mais decisões arbitrais favoráveis ao F. C. Porto do que os 16 que foram assinalados (7 penaltis e 9 expulsões), em princípio tal permitiria ao clube melhorar os seus resultados, tal como acontece com todas as equipas no mundo, pois estatisticamente está provado que todas melhoram o rendimento quanto mais beneficiam de decisões arbitrais favoráveis. No campeonato, foram assinalados 8 decisões arbitrais favoráveis ao Benfica (6 penaltis e 2 expulsões, sendo que ambas as expulsões de jogadores adversários só aconteceram no final das partidas e não nos 90 minutos regulamentares).

Nuno Espirito Santo e as suas escolhas têm alguma responsabilidade nos resultados? 
A sua gestão do plantel só agora está a merecer alguma contestação por parte dos adeptos, pois até aqui toda a responsabilidade pelos maus resultados era atribuida aos árbitros, apesar destes terem permitido ao clube usufruir de mais minutos em superioridade numérica e mais penaltis que o lider Benfica.
Este campeonato começou com Brahimi quase sempre na bancada (nas primeiras 11 jornadas, esteve em campo 122 minutos no total, divididos por 5 jogos), o jovem André Silva assumia o protagonismo no F. C. Porto, como a estrela principal da equipa no 1º terço do campeonato e o capitão da equipa foi o Herrera até cair em desgraça no jogo contra o Benfica. E estamos agora a terminar a temporada 2016/17, com o Marcano a capitanear a equipa, num momento em que Brahimi é novamente reconhecido pelos adeptos como o melhor jogador da equipa e o André Silva voltou a ser um suplente pouco utilizado (apenas esteve 80 minutos em campo nas ultimas 3 semanas). 

É certo que as escolhas são da responsabilidade de Nuno Espirito Santo, mas em toda a época ele praticamente apenas confiou nos mesmos 16 jogadores . Para Nuno Espírito Santo, os jogadores que verdadeiramente contaram, são os 16 jogadores que tiveram mais de 1.000 minutos de utilização no F. C .Porto , qsão: o Ivan Marcano, Filipe, Alex Telles, Casillas, Danilo Pereira, André Silva, Maxi Pereira, Oliver Torres, André André, Corona, Diogo Jota, Herrera, Otávio, Brahimi, Layún e Soares que chegou em Janeiro mas já conta com 1.306 minutos) e estão ordenados pelos minutos de utilização. Estes são o núcleo de 16 jogadores mais utilizados pelo Nuno Espírito Santo nos 47 jogos disputados pelo F. C. Porto em todas as competições, (o clube conseguiu vencer 26 jogos, empatar 16 jogos e perder 5 jogos).

Podemos analisar o rendimento no campeonato nacional, discriminando cada terço do campeonato:
  • No campeonato nacional, nas primeiras 11 jornadas, o F. C. Porto venceu 6, empatou 4 e perdeu 1 vez, ou seja iniciou a época com muitas dificuldades competitivas. Nesse 1º terço do campeonato, o F. C. Porto em 3 jogos dos 11 jogos usufruiu de penaltis e/ou expulsões favoráveis e acabou vencendo estes 3 jogos! Mais penaltis houvessem e mais jogos venceria!
  • Entre a 12ª jornada e a 24ª jornada, em 7 partidas o F. C. Porto usufruiu de penaltis e/ou expulsões favoráveis e aproveitou da melhor forma essa situação para vencer todos esses 7 jogos. Neste 2º terço foram assinalados mais penaltis e expulsões a seu favor e os empates foram transformados em vitórias, a melhoria no desempenho geral da equipa foi evidente, neste 2º período do campeonato, o F. C. Porto venceu por 12 vezes e só empatou 1 dos 13 jogos! Em 13 jogos é muito significativo usufruir de 11 decisões arbitrais favoráveis (7 expulsões e 4 penaltis favoráveis).
  • No último terço do campeonato, o F. C. Porto somente usufruiu de penaltis e/ou expulsões favoráveis num único jogo, para não variar acabou vencendo essa partida. Entre a 25ª jornada e a 32ª jornada, o F. C. Porto no geral venceu 3 jogos e empatou 5 jogos, ou seja assim que deixaram de ser assinalados penaltis e/ou expulsões favoráveis e a equipa, voltou a revelar dificuldades em conquistar vitórias.

Moral da história: em 32 jornadas, o F. C. Porto venceu por 21 vezes (venceu todos os 11 jogos em que beneficiou de penaltis e/ou expulsões favoráveis), empatou 10 e perdeu apenas 1 vez. Os números do 2º terço demonstram que o F. C. Porto beneficiando de penaltis e expulsões favoráveis tem capacidade para aproveitar as mesmas, garantindo um grande número de vitórias. Com muitos mais penaltis e expulsões assinalados a seu favor, a equipa terminaria esta época como aquela que conquistou mais pontos. Se em vez de beneficiar de penaltis e/ou expulsões em 11 dos 32 jogos, tivesse beneficiado de mais jogos com decisões arbitrais favoráveis, como era o desejo dos seus dirigentes, então seguramente o clube teria neste momento uma melhor pontuação. Se tivesse usufruído de penaltis e/ou expulsões, por exemplo em metade dos jogos que disputou, ou seja em 16 jogos, muito provavelmente neste momento teria convertido nesses 5 jogos a mais favoráveis, os empates em 5 vitórias, (5*2=10 pontos, ou seja, teria acrescentado mais 10 pontos directamente com influência arbitral directa e estaria neste momento com 5 pontos de vantagem em relação ao Benfica e não de desvantagem como está. Existem muitos representantes do F. C. Porto que, acreditam que com mais 5 jogos a beneficiar de decisões arbitrais favoráveis já esta época não ser apelidado de Liga Salazar, ou seja somente no caso de terem sido assinalados mais 5 penaltis favoráveis ao F. C. Porto, estariam reunidas as condições arbitrais para o sucesso desportivo do clube).

Poucos conhecem, o efeito que as decisões arbitrais têm no rendimento desportivo de uma equipa, mas está estatisticamente comprovado que as equipas melhoram de rendimento ao usufruir de decisões arbitrais favoráveis (penaltis e expulsões). 

A maioria dos adeptos não consegue identificar que 2 clubes usufruíram de diferentes condições arbitrais durante um campeonato, mesmo que no final das 34 jornadas, detectassem que um dos clubes, no campeonato inteiro não usufruiu de nenhum minuto de jogo em superioridade numérica e o seu rival tenha competido em superioridade numérica mais de 500 minutos (ou seja, disputou cada uma das 34 jornadas, usufruindo em média de 15 minutos em superioridade numérica que o seu rival não beneficiou). Tal como não conseguiriam detectar que as condições arbitrais são diferentes durante as 34 jornadas, mesmo que no final do campeonato verificassem uma diferença de 10 penaltis assinalados a favor entre esses 2 clubes  (no cumulo, nem que todos esses 10 penaltis fossem assinalados em jogos que se encontravam empatado, alguns adeptos não conseguiriam constatar que as condições arbitrais foram muito diferentes entre os 2 clubes). Deixo aqui os números desta temporada 2016/17 para cada um retirar as suas conclusões.

Aqui está o quadro resumo, com o total de penaltis e expulsões assinalados em jogos envolvendo os 4 candidatos ao Título Nacional (Benfica, F. C. Porto, Braga e Sporting).


A longo prazo, não é suposto encontrarmos uma grande diferença nas condições arbitrais entre 2 equipas com objectivos semelhantes, seja entre 2 equipas que discutiram o título, sejam entre 2 que discutiram a permanência. O que deve fazer a diferença devem ser a capacidade das jogadores por si só conquistarem os pontos e não a sorte de usufruir uma enormidade de penaltis favoráveis.

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